Como o bullying afeta a vida das crianças e dos adolescentes

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Provavelmente você já ouviu falar sobre bullying ou até mesmo sofreu essa prática na escola. O bullying geralmente acontece no ambiente escolar e pode gerar traumas, transtornos e outros danos psicológicos. Pode até mesmo resultar em problemas mais graves, como depressão, ansiedade e suicídio.

O que é bullying?

Crianças fazendo bullying de forma violenta em um colega de escola

A palavra bullying tem origem da língua inglesa e significa valentão. A prática é caracterizada por um ato sistêmico recorrente, ou seja, ações repetitivas e atos de violência física e psicológica, como humilhação, exposição e xingamento. Vamos ver quais são os tipos de bullying?

Conceitos que caracterizam o bullying

Criança triste, com traumas e de cabeça baixa depois de sofrer bullying

Geralmente, os grupos que não se enquadram em “padrões” acabam sendo excluídos e podem conter vítimas de bullying

Violência Física

A violência física é o tipo mais fácil de identificar. Esse comportamento agressivo tem a intenção de causar dano físico em um ou mais estudantes que são mais fracos e incapazes de se defenderem.

As agressões do abuso físico pode acontecer por chutes, socos, pontapés, empurrões, roubo ou dano aos pertences.

Violência Psicológica

Já o bullying psicológico é identificado quando a criança persegue, intimida, manipula e chantageia os colegas de escola. Por exemplo, “se você não fizer tal coisa eu vou te bater”.

Bullying Verbal

Os insultos e xingamentos repetitivos também podem configurar o bullying. Em alguns casos, a ofensa verbal tem a intenção de zombar e ridicularizar a aparência física, como crianças que usam óculos, crianças que são muito magras ou gordas e até aquelas com algum tipo de deficiência física.

Além disso, existe o preconceito étnico-racial (negro, asiático, de outras ascendências), e sobre a orientação sexual (LGBTQIA+), religião e local de origem.

Bullying Social

Ignorar, isolar ou excluir um colega do ambiente social é outro comportamento característico do bullying. O agressor coloca a vítima em uma situação desconfortável, fazendo com que ela se sinta vulnerável e desprotegida.

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Cyberbullying

Cyberbullying é o bullying realizado por meio de mídias digitais. Também é um comportamento recorrente e tem o intuito de assustar, humilhar ou envergonhar as vítimas, como espalhar mentiras ou compartilhar fotos constrangedoras.

Leia o artigo: “Os perigos da internet na vida do seu filho”.

Consequências do bullying

Crianças com comportamento agressivo, causando bullying e traumas em seu colego de classe

Segundo a jornalista e neuro educadora, Maria Sâmara Azevedo, escritora do livro reportagem Violência na Escola: O desafio de enfrentar o bullying e reconstruir a paz, as consequências de quem sofre bullying são inúmeras, como:

  • Baixa auto estima;

A auto estima, na maioria das vezes, está relacionada a imagem pessoal. Por isso, crianças fora do “padrão” são os principais alvos do bullying.

  • Falta de confiança;

A perda de confiança em si mesmo pode refletir em vários aspectos da vida e está associada ao sentimento de inferioridade, fazendo com que a criança ou jovem acredite que ela não é boa o suficiente em nada do que se propõe a fazer.

  • Baixo desempenho escolar;

O bullying pode fazer com que a criança não queira mais ir para escola, devido às agressões que sofre. Isso pode prejudicar seu aprendizado, o resultado de suas notas escolares e até levar a reprovação. Em alguns casos, alguns preferem até mudar de escola para evitar a situação.

  • Depressão;

A depressão é a somatória de vários sentimentos causados pela vítima de bullying. 30% dos casos de depressão são influenciados por algum comportamento que citamos anteriormente.

  • Ansiedade;

A ansiedade pode se manifestar de várias formas, como na qualidade do sono, no convívio social e até desenvolver síndrome do pânico.

  • Suicídio;

Com certeza o suicídio é a pior consequência do bullying. Um estudo revelou que adolescentes de 12 a 15 anos que sofrem bullying, apresentam maior risco ao tentar o suicídio para fugir da perseguição.

Leia o artigo: “Depressão e suicídio na infância”.

Massacre de Realengo

No dia 07 de abril de 2011, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, Rio de Janeiro.

Ele entrou na escola armado com dois revólveres e matou 12 adolescentes. Ele chegou a ser detido pelos policiais, mas cometeu suicídio.

Wellington deixou cartas e vídeos sobre o motivo do ataque que, em conjunto com o depoimento de sua irmã adotiva, revelam que ele sofreu bullying na adolescência enquanto estudava na mesma escola que invadiu e em outras instituições pelas quais passou.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou um vídeo que mostra que Wellington planejava, desde 2010, o ataque na Tasso da Silveira.

Wellington não conseguiu curar as feridas do bullying e dedicou todo seu rancor ao Massacre de Realengo.

Leia o artigo: “O que o filme divertida mente nos ensina sobre as emoções”.

Lei 13.185/2015

Devido a outros massacres, a lei federal 13.185/2015, conhecida como lei antibullying, entrou em vigor há 7 anos.

O Programa de Combate à Intimidação Sistemática foi instituído pelo governo federal em novembro de 2015 e prevê que, além de clubes e agremiações recreativas, as escolas desenvolvam medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying.

Como lidar com este comportamento

Uma garota mostrando em seu comportamento que é contra as agressividades e violência nas escolas

É importante estar atento ao comportamento das crianças e dos adolescentes para identificarem as possíveis vítimas de bullying. Se a criança ou jovem começar a apresentar um quadro de isolamento, introspecção e agressividade, os familiares devem conversar, investigar e buscar ajuda profissional.

Nesse sentido, para evitar que os comportamentos agressivos desagradáveis aconteçam no ambiente escolar, é preciso criar campanhas contra o bullying e um local onde todos possam ser livres, respeitados e que questões problemáticas possam ser resolvidas no diálogo.

Conclusão

Em resumo, o bullying é um comportamento repetitivo de violência, físico ou psicológico, e muitas vezes está ligada à aparência física, demonstrando que as crianças e os jovens ainda têm dificuldade de respeitar as diferenças, são pouco inclusivos e não possuem empatia com a diversidade.

Por isso, é importante que os pais deem apoio psicológico aos filhos os ensinem a respeitar e conviver com as diferenças.

Quando identificado o bullying, é super importante conversar com as vítimas e oferecê-las apoio emocional, assim como conversar com os agressores, a fim de descobrir o motivo das agressões e conscientizá-los dos danos que eles podem causar ao outro.

Bullying não é frescura!

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