Tempo de leitura: 6 minutos
O mês de setembro é mundialmente conhecido pelo movimento contra o suicídio e depressão, sendo chamado de Setembro Amarelo. Esse é um assunto bastante delicado, mas que jamais devemos subestimar ou ignorar.
Infelizmente, o número de suicídios entre crianças e adolescentes no país é alto. Últimos dados de 2016 do Ministério da Saúde apontam 11.433 mortes por suicídio, isto é, um óbito a cada 46 minutos e a cada ano o número de jovens que cometem suicídio aumenta, representando a terceira principal causa de mortes nessa faixa etária no país.
“O sentimento de desamparo, desproteção e solidão que a criança ou adolescente sofrem antes de praticar o suicídio é mais comum àqueles garotos(as) que têm problemas de convivência com a família. Por isso, é necessário rever os conceitos atuais dos papéis de autoridade e de responsabilidade dos pais e de alguns segmentos sociais. Os adolescentes e crianças se matam por falta de amor-próprio, valores espirituais e até mesmo por vingança aos pais ou colegas que praticaram bullyng com eles”, explica a psicóloga Sônia Estaquia.
Como o blog foca nos aspectos da relação familiar, decidi restringir o artigo na relação que nós pais temos que ter com nossos filhos para que possamos identificar os sintomas de depressão e comportamentos suicida, para trazer auxílio as nossas crianças.
Quais as dificuldade na detecção e prevenção do suicídio?
Diversos fatores podem dificultar a detecção e, consequentemente, a prevenção do suicídio em nossos jovens. Seja por um motivo religioso ou até mesmo cultural, o suicídio ainda é considerado um tabu em nossa sociedade e por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse preocupante problema de saúde pública.
Quando pensamos em crianças, imaginamos um mundo repleto de cores e felicidade e dificilmente conseguimos imaginar que nossos jovens estão suscetíveis à depressões ou algum histórico de doença mental.
Mitos e verdades sobre o comportamento suicida
Erros e preconceitos vêm sendo tradicionalmente repetidos, contribuindo ainda mais para uma depreciação em torno do comportamento suicida em geral. Essa depreciação resulta num processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas dentro de um contexto social.
A depressão não é a causa direta para o suicídio, mas na maioria dos casos, ela está presente e pode levar ao isolamento. A solidão é uma experiência muito comum entre os jovens e a falta de interação e conexão dos pais, podem agravar ainda mais os sintomas de depressão na criança.
O que poucas pessoas sabem é que os suicidas quase sempre estão passando por algum tipo de doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio.
Outro assunto importante e que muitas pessoas confundem é achar que falar sobre suicídio pode agrava ainda mais o risco, muito pelo contrário, falar com seu filho sobre o assunto pode aliviar o sentimento de angustia e a tensão que esses pensamentos trazem.
A realidade da depressão e do suicídio
Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivações complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, histórico familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição e negligência familiar, além de abuso físico e sexual na infância.
Como pais, é preciso estar preparados para lidar com todo tipo de problemas que envolvem nossos filhos. Mas o que faríamos se o nosso filho fosse diagnosticado com depressão?
Veja abaixo o depoimento real de uma mãe que passou recentemente por esse problema:
“Meu filho foi diagnosticado com depressão aos oito anos de idade. Notei uma mudança brusca em seu comportamento. De um menino comunicativo e alegre, de repente ele se transformou em um garoto triste e calado. Fui buscar entender na escola, o que poderia estar acontecendo e descobri que ele estava sendo alvo de bullying. Era triste ouvi-lo dizer que a sua vida não valia nada. Foi uma fase dura e cruel, mas por sorte procurei ajuda profissional e hoje ele segue em tratamento. O processo é lento, porém a melhora é significativa”, relata Mirian Claudia* sobre sua experiência com seu filho.
Como identificar comportamentos depressivos e suicidas
Com certeza esta é uma situação que nenhum pai ou mãe deseja passar, pensando nisso separamos alguns dos sintomas que todo depressivo ou suicida passa ao externalizar sua dor ao mundo
É claro que os pais e profissionais da área da saúde ainda não podem prever com exatidão quando alguém tem tendenciais suicidas, mas podemos fazer nossa parte ao tentar identificar os sintomas e minimizar os riscos provenientes dessa doença.
- Preste atenção às crianças que falam sobre querer morrer ou se matar, as que dizem não terem motivos para viver ou que reclamam ser um “peso” para os outros;
- As atitudes suicidas são um sinal muito real de perigo e devem sempre ser levadas a sério. Essas anotações podem ter a forma de cartas, e-mails, postagens nas redes sociais ou mensagens de texto;
- Se a criança tentou suicídio no passado, é mais provável que tente novamente;
- Preste atenção nas crianças fazendo possíveis despedidas aos amigos ou exclusão das redes sociais;
- Fazer mudanças dramáticas e repentinas de comportamento também pode ser um sinal. Cuidado com os adolescentes que se afastam de amigos e familiares;
- Deixar de priorizar aquilo que era importante e abrir mão da vida é uma atitude comum em possíveis suicidas;
- Na saúde, a mudança pode vir como perda ou ganho de peso, insônia, falta de interesse em manter higiene;
- Uma criança ou adolescente suicida pode mostrar um interesse fora do normal por armas ou pílulas, o que pode indicar um planejamento para cometer o ato.
- Comportamentos de risco podem sugerir pensamentos suicidas. Preste atenção no consumo excessivo de álcool ou drogas. A automutilação também é um sinal de alerta para crianças e adolescentes.
O Ministério da Saúde, desenvolveu uma cartilha para identificar possíveis frases e comentários que podem conter intenções suicidas. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:
Conclusão
Durante todo o mês de setembro, inúmeras ações de valorização à vida são realizadas em todo país, ensinando os pais a estarem mais vigilantes em relação aos filhos, porém sozinhos não conseguimos vencer essa guerra.
É fundamental procurar ajuda médica para chegar à cura. Se você está passando por uma situação parecida em casa ou conhece alguém que vive essa mesma situação com seus filhos, procure a ajuda de um especialista ou indique um médico psiquiatra, para que ele diagnostique o problema e recomende um tratamento mais adequado para cada caso.
Link permanente
Link permanente