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A dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem, que afeta diversas área da educação infantil, como a escrita, leitura e também a soletração, sendo um dos transtornos mais encontrados nas salas de aula.
De acordo com o Instituto ABCD, organização sem fins lucrativos referência em dislexia no Brasil, cerca de 8 milhões de brasileiros têm a dislexia, representando quase 4% da população.
O grande problema desse transtorno é que, muitas vezes, ele é visto como uma má alfabetização, ou então, como falta de atenção da criança em sala de aula. Porém, essas associações são errôneas, visto que a dislexia pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
Além disso, quando mal interpretada ou não diagnosticada corretamente, a dislexia pode causar baixa autoestima e depressão.
Sinais e sintomas da dislexia
A dislexia pode ser diagnosticada na fase de pós-alfabetização da criança, que ocorre entre os 8 e 10 anos de idade. Por isso, fique alerta se a criança apresentar uma leitura lenta e difícil nesse período.
Leia o artigo: “Dificuldades de aprendizado”.
Os sintomas mais comuns são:
- Desatenção;
- Inversões de letras, como “D” e “T”;
- Confusão de símbolos matemáticos;
- Falta de foco e concentração;
- Desinteresse por assuntos escolares;
- Problemas de localização de esquerda e direita;
- Atraso na aprendizagem da leitura;
- Trocar letras, principalmente as que possuem sons parecidos, como “f” e “v”, “b” e “p” “d” e “t”;
- Inverter sílabas na hora de ler ou escrever.
Como lidar com a dislexia na educação infantil
Cada criança é um contexto e uma história, mas, para que as crianças com dislexia consigam assimilar o conteúdo, as escolas e professores precisam estar preparados.
Sendo assim, todas as disciplinas podem ser passadas oralmente, já que as crianças disléxicas têm dificuldade em ler e tem mais facilidade no ouvir.
Muitas pessoas associam a dislexia com a falta de QI (Quociente de inteligência). Isso é um mito e existem muitos outros:
Mitos da dislexia
- A dislexia pode ser diagnosticada não somente na infância, mas em qualquer período da vida;
- O distúrbio não é causado pela falta de leitura;
- Ela não é uma doença, mas sim uma condição;
- Nem toda criança com dificuldade em ler e escrever tem dislexia.
Com funciona o diagnóstico?
Os sintomas citados acima também podem estar atrelados a outros tipos de distúrbios, como a hiperatividade e o autismo.
Leia o artigo: “Hiperatividade infantil”.
Sendo assim, é importante que os pais procurem por profissionais para analisar os comportamentos e descartar outras possibilidades até chegar na dislexia.
Após diagnosticada, a criança precisa de acompanhamento profissional, de um fonoaudiólogo, psicoterapeuta ou terapeuta ocupacional (T.O), pelo menos nos primeiros anos.
Pela dislexia ser uma condição crônica, ela não tem cura, mas, com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, pode ser facilmente controlada.
Graus da dislexia
A dislexia é dividida em três graus:
- Leve: pequena dificuldade para ler e escrever;
- Moderado: troca frequente de letras lidas e escritas;
- Severo: incapacidade para ler e escrever.
Pessoas que foram diagnosticadas
Como vimos anteriormente, a dislexia não tem a ver com a falta de QI, inclusive, o QI apresentado pelos portadores desse transtorno geralmente costuma ser alto. A prova disso está em disléxicos que ficaram famosos por sua genialidade como:
1. Steve Jobs
Fundador da Apple, Steve Jobs tinha dificuldade na área da leitura, escrita e soletração e conviveu com a dislexia durante toda a sua vida.
2. Albert Einstein
O físico alemão tinha baixo rendimento escolar por conta do distúrbio, mas, isso não o impediu de ser o ganhador do prêmio Nobel de Física em 1921.
3. Vicent Van Gogh
Van Gogh, pintor holandês, foi um dos maiores artistas de todos os tempos, e contribuiu para o nascimento da arte cubista e surrealista. Alguns dos seus quadros bateram recordes de vendas em leilões e Vicent assinou mais de dois mil trabalhos artísticos durante sua carreira.
4. Tom Cruise
Tom Cruise foi diagnosticado com dislexia aos 7 anos de idade e teve dificuldades para ler até a sua vida adulta. Mesmo assim, ele foi indicado para três Oscars ao longo de sua carreira, mas, se não tivesse sido diagnosticado, a dislexia poderia encerrar sua carreira como ator.
5. Agatha Christie
A grande escritora britânica, Agatha Christie, sofria de problemas de aprendizado por conta da dislexia e afirmava que a escrita e ortografia eram muito difíceis para ela. Além disso, segundo Agatha, ela era péssima soletrando e tinha muita dificuldade em gravar números. Mas, a escritória não deixou de seguir seus sonhos e se tornou uma grande referência literária.
Atividade lúdica para trabalhar com crianças
A ligação entre a dislexia e a música está no seguinte fato: a associação e diferenciação dos sons, ou seja, a criança pode passar a ler corretamente, de acordo com os fonemas captados nas atividades.
Por exemplo, você pode utilizar imagens de animais e reproduzir o som que esse animal faz. A intenção é que a criança mostre qual figura representa o som que ela acabou de ouvir. Esse exercício estimula a concentração, memória e desenvolve até a expressão verbal e corporal.
Leia o artigo: “A influência da música na rotina das crianças”.
A música no desenvolvimento infantil é uma parceria que dá super certo, por isso, relacionar a música com a rotina melhora a qualidade de aprendizagem e a motivação da criança disléxica.
Conclusão
É muito comum que crianças com dislexia apresentem algumas características marcantes e devem ser enxergadas com atenção e não desprezo.
Embora não exista cura para essa condição, o ideal é que os pais e professores estejam atentos aos sintomas e sinais e se prontifiquem a buscar ajuda profissional; afinal, quando o diagnóstico é feito na infância, o risco de desenvolver outros distúrbios é bem menor.
Além disso, como a criatividade é um traço marcante entre os disléxicos, aconselha-se os pais a estimular a criança a desenhar, pintar, tocar instrumentos musicais e praticar esportes. Com o avanço da tecnologia, existem vários aplicativos que podem ser um estimulante às crianças disléxicas.
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