Como ajudar seu filho a lidar com a morte de um familiar

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Quando um ente querido morre, as crianças sentem e mostram sua dor de diferentes maneiras. E como elas lidam com a perda, depende de diversos fatores.

“Se adultos não tem, geralmente, um contato saudável com a ideia real de findamentos e fantasiam sua imortalidade ao longo do processo de vida, como podem dialogar sobre a morte com as crianças? Não existem receitas infalíveis de como comunicar o falecimento de um ente querido a uma criança, mas alguns pontos sensíveis são importantes de serem destacados. O luto é um momento traumático sim, porém ele não é universalmente catalogável, pois toda vez que se cria uma cartilha do enlutamento, prejudica-se o processo pessoal, único e subjetivo de enfrentamento deste fenômeno”, avalia o psicólogo clínico Willian Orlandin.

As perdas ao longo da vida, sendo elas por morte ou não, irão balizar a forma como cada ser lida com suas frustrações. Neste caso é muito importante não poupar ou superproteger uma criança quando algo lhe for retirado, mesmo que seja um ente querido.

Como os pais devem agir diante do luto?

Mãe com o seu filho (criança), na frente de um túmulo de um familiar

Mas então, como os pais devem agir?

1. Seja simples na comunicação

Ao falar sobre a morte, use palavras simples e claras. Para dar a notícia de que alguém morreu, aproxime-se de seu filho de uma maneira cuidadosa e não enrole.

2. Ofereça carinho e afago

Não existe como prever como a criança irá se comportar ao receber a notícia. Existem as que choram, outras se retraem ou ainda aquelas que se desprendem da realidade e enchem os pais de perguntas.  Esteja por perto e ofereça abraço e consolo à criança.

3. Fale sobre o que sentem

Incentive as crianças a dizer o que estão pensando e sentindo nos dias, semanas e meses após a perda. Fale sobre seus próprios sentimentos: ajuda as crianças a se conscientizarem e se sentirem confortáveis ​​com elas.

Responda às emoções com conforto e tranquilidade. Observe se seu filho parece triste, preocupado ou chateado de outras maneiras. Pergunte sobre seus sentimentos e os ouça.

4. Quando for a hora, fale sobre as mudanças

Diga ao seu filho o que esperar. Se a morte de um ente querido significar mudanças na vida do seu filho, elimine quaisquer preocupações ou medos explicando o que acontecerá.

5. Se o seu filho for ao funeral, explique como funciona!

Em relação ao funeral, enterro e cremação diga ao seu filho antes da cerimônia o que vai acontecer. Importante que ele não se assuste com grandes demonstrações de tristeza e aprenda que essa é uma etapa da vida.

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6. Recorde sobre os bons momentos

O nome da pessoa que morreu não precisa ser proibido. Recordar e compartilhar memórias felizes ajuda a curar a tristeza e ativar sentimentos positivos.

7. Quando seu filho se sentir triste, mude o foco!

Ajude seu filho a se sentir melhor, dê o conforto de que ele precisa, mas não estimule a tristeza, mude o foco pra que ele distraia.

8. Respeite o tempo do seu filho

Dê tempo para ele superar a perda. O luto é um processo que acontece ao longo do tempo. Certifique-se de conversar com seu filho, a fim de descobrir como esse processo está influenciando na sua vida.

O luto na vida das crianças

Criança de costas em uma sala escura

O luto nas crianças geralmente resulta em mau comportamento, desobediência ou acessos de raiva. A criança também pode não querer se envolver em novas atividades, pode voltar a fazer xixi na cama ou ter pesadelos. Isso é normal e geralmente desaparece com o tempo. Se isso acontecer, isso pode indicar que eles não estão lidando bem com o luto e que a criança precisa da ajuda de um psicólogo.

Uma importante ferramenta de potência frente ao luto é o processo terapêutico. O auxílio de um psicólogo e o acompanhamento do luto, pode ser muito importante e produtivo para o encaminhamento de vida autônoma da criança.

Orlandin ainda relata que comunicar a criança sobre a morte e auxiliá-la neste processo, estará diretamente vinculado ao modo como cada parte deste diálogo, está inscrito no estatuto da tolerância à frustração.

Para o designer gráfico, Danilo Pedroso, a perda da mãe, obviamente,  foi um processo doloroso, mas a forma como a notícia foi dada fez a diferença.

“Eu estava me preparando para um compromisso e minha tia chegou e falou que minha mãe tinha falecido. Ninguém esperava por aquilo, foi muito repentino. Para um menino de 11 anos, não foi fácil. Sentimentos invadiram minha mente: a não aceitação, o medo e por último, uma profunda e inexplicável dor. Mas ainda assim, agradeço a maneira clara, como minha tia comunicou a morte da minha mãe, não teve rodeios e até hoje não esqueço do abraço de consolo que ela me deu”, relembra Danilo.

É muito importante que as pessoas na vida da criança o ajudem a aceitar a morte do familiar que tanto amavam. Professores, amigos e parentes de crianças desempenham um papel fundamental nesses momentos difíceis e podem ajudar o luto de uma criança a progredir de maneira normal, à medida que elas passam por esse processo.

“Óbvio, que cabe ao adulto o papel de adulto, no sentido cronológico de vida e de apropriação do senso de responsabilidades. E neste processo é crucial que a morte do outro seja vivenciada e que a fantasia da imortalidade seja cada vez mais desconstruída, porém sem absolutismos e enrijecimentos emocionais frente aos fenômenos da vida”, conclui o psicólogo.

Conclusão

Em síntese, como já mencionado acima, não há uma fórmula específica, de como os pais devem comunicar em um primeiro momento, o falecimento do familiar e outra regra para orientar à criança a superar essa fase dolorida da vida, contudo necessária e que independente da sua vontade, se tornará uma constante na vida do seu filho.

Ainda que não seja de uma pessoa próxima, a morte está presente em nosso cotidiano. E mesmo com todos os esforços para tentar atenuar a dor, é preciso deixar que cada ser tenha a liberdade de escolher como vai passar por essa etapa, é claro, por se tratar de uma criança, deve-se deixar que ela sinta e viva o processo de perda, porém, os pais devem ficar atentos ao seu comportamento e vigilantes sobre qual o melhor momento para procurar ajuda médica.

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