Introdução alimentar, por onde começar?

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Desde o período de gestação, uma série de palpites sobre a criação do bebê são dados e no período de introdução alimentar, isso não é diferente.

Por si só, inserir alimentos sólidos na dieta dos bebês gera dúvidas na maioria dos pais, sobretudo os de primeira viagem, que normalmente não possuem experiência no assunto.

Além disso, muitos podem se sentir perdidos em meio à tantas opiniões e diferentes informações sobre essa questão. 

Pensando nisso, reunimos as mais importantes recomendações e orientações dadas por especialistas para te auxiliar no processo de introdução alimentar do seu filho.

Quando iniciar a introdução alimentar?

Bebê sendo alimentado (Introdução Alimentar)

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, a introdução alimentar deve ser iniciada a partir dos 6 meses de vida. Antes disso, o único alimento consumido pelo bebê deve ser o leite, seja ele materno ou fórmula infantil. 

No entanto, a idade não deve ser o único fator observado. Também é importante atentar-se aos sinais de prontidão do bebê, que são indicadores de que ele está preparado para ingerir novos alimentos.

Sinais de prontidão 

Apesar do crescimento dos bebês ser monitorado com base em curvas, como a de peso, a de altura e a de perímetro cefálico, cada criança tem seu próprio tempo de desenvolvimento

Isso significa que não necessariamente seu filho estará pronto para comer com exatos 6 meses e não há nenhum problema nisso, visto que esse “prazo” é somente uma média.

Em geral, os bebês se tornam aptos para iniciar a introdução alimentar entre os 6 e os 8 meses. E, dentre os sinais de prontidão, estão:

  • Sentar com o mínimo de apoio;
  • Demonstrar interesse pelos alimentos;
  • Total controle da cabecinha (cervical firme);
  • Diminuição do reflexo de protrusão da língua (empurrar os alimentos pra fora da boca com a língua);
  • Tentar alcançar os objetos;
  • Levar os objetos ou a mão à boca;
  • Abrir a boca ao ver a comida.

Entretanto, o sinal de prontidão mais significativo é o sentar, pois ele aponta que o intestino está suficientemente maduro, além de reduzir riscos de engasgos e alergias alimentares, permitir o desenvolvimento da alimentação autônoma e melhorar a digestão. 

Portanto, a introdução alimentar deve ser iniciada após os 6 meses mediante a apresentação dos sinais de prontidão.

Ademais, vale a pena ressaltar que, em relação aos bebês prematuros com menos de 36 semanas, deve ser feita a correção da idade. 

Como iniciar a introdução alimentar?

Papinhas feitas para servir como alimento o bebê (introdução alimentar)

Primeiramente, é preciso ter muita paciência, pois é improvável que a criança aceite bem os alimentos nas primeiras tentativas. Afinal, foram meses ingerindo apenas leite e é preciso tempo para se adaptar.

“Se ela não aceitou, não insista, não force e não agrade. Às vezes, ela recusa e isso é normal. É importante que o alimento seja novamente oferecido em outra ocasião”, explica Rubens Feferbaum, pediatra e presidente do Departamento de Nutrição da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo).

Ainda, de acordo com o Ministério da Saúde, é preciso oferecer, em média, de 8 a 10 vezes um alimento, até que o bebê o aceite.

Tendo consciência disso, é possível dar os primeiros passos nessa caminhada que é extensa, contínua e por vezes desafiadora.

Métodos de introdução alimentar

Métodos de introdução alimentar

Há diferentes métodos de introdução alimentar. Atualmente os mais conhecidos são o tradicional, o BLW e o método de introdução alimentar ParticipAtiva.

Abaixo, conheça mais detalhes sobre cada um deles. 

Tradicional

A introdução alimentar tradicional é feita através de alimentos em consistência pastosa, as famosas papinhas, porém, ainda que os pais se sintam mais seguros processando ou passando os alimentos no liquidificador, eles devem ser somente amassados com o garfo.

O estímulo à mastigação deve ser realizado desde o início da introdução alimentar, pois além de contribuir para a digestão, também ajuda a desenvolver a fala.

De maneira geral, praticamente qualquer alimento pode fazer parte da papinha, mas boa parte dos nutricionistas aconselham que os alimentos sejam oferecidos individualmente, mesmo amassados, para que o bebê sinta o gosto de cada um deles. 

BLW — Baby Led Weaning

BLW, em tradução livre, significa desmame guiado pelo bebê. Ou seja, nesse método de introdução alimentar, o bebê se alimenta sozinho. 

No método, os alimentos são preparados em consistência e cortes que permitem que o bebê os leve até a boca e os ingira, mesmo sem dentes.

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Com isso, é a criança que decide o que quer comer e também a quantidade que será consumida, além de conhecer os alimentos e suas texturas.

É importante salientar que o bebê deve estar, o tempo inteiro, sob a supervisão de um adulto. 

ParticipAtiva 

O método de introdução alimentar ParticipAtiva é, basicamente, um meio termo entre o BLW e o método tradicional. 

Nele, os alimentos são oferecidos tanto em pedaços para o bebê pegar, como no BLW, quanto na colher pelos pais ou cuidadores, como papinha de acordo com o método tradicional.

Assim, pode-se dizer que se tem o melhor dos dois mundos, pois ao mesmo tempo em que o bebê explora o alimento, também há a garantia de que ele será alimentado.

Risco de engasgo

Bebê comendo papinha (método alimentar)

O maior medo dos pais em relação à introdução alimentar, sem dúvidas, é o engasgo e, de fato, esse é o maior risco que o bebê corre, porém, tomando os cuidados necessários, ele pode ser reduzido consideravelmente.

Além disso, saber como agir diante de uma situação assim, ainda que provavelmente ela nunca vá acontecer, também é essencial.

Precauções

As principais precauções a serem tomadas para reduzir o risco de engasgo, em qualquer um dos métodos de introdução alimentar, são:

  • Atentar-se aos sinais de prontidão, mencionados acima;
  • Manter o bebê sentado durante toda a refeição;
  • Evitar alimentos como uva, castanhas e sementes em seu formato original (cortados corretamente ou em papinha não há problema);
  • Não deixar a criança sem supervisão.

Para o BLW, os cuidados são mais específicos:

  • Cortar os alimentos de forma que o comprimento deles ultrapasse o tamanho da mão do bebê (formato de batata frita do tipo palito);
  • Atentar-se à consistência do alimento (firme o suficiente para o bebê segurar, cozido o suficiente para que ele consiga amassar com as gengivas e a língua);
  • Não cortar, em hipótese alguma, alimentos em formato arredondado, do tipo “moeda”,
  • Não oferecer pipoca e nem maçã crua.

Há outros meios de reduzir o risco de engasgo, mas esses são os principais. 

Ainda, diferente do que muitos imaginam, o BLW não aumenta as chances de engasgo. O risco é igual em todos os métodos, inclusive com bebidas — como água e suco — e durante a própria amamentação. 

Em quaisquer que sejam as circunstâncias, não deixe essas precauções em segundo plano.

Reflexo de GAG

Também é primordial saber diferenciar o reflexo de gag do engasgo, para não se desesperar desnecessariamente e acabar correndo o risco de causar, de fato, um engasgo.

Enquanto o engasgo consiste no bloqueio parcial ou total da passagem de ar pela garganta, o reflexo de GAG é um mecanismo de defesa do organismo que evita que o engasgo ocorra.

Ele tem como característica a tosse e a ânsia de vômito, que fazem com que o alimento causador do GAG seja expelido, sem causar nenhum tipo de dor ou incômodo aos bebês, que agem normalmente após o episódio. 

Portanto, não deve haver nenhum tipo de interferência durante o reflexo de GAG, para que não haja o risco do alimento ser empurrado para a garganta. 

Por fim, o engasgo é caracterizado por ausência de respiração e mudança de coloração. É algo extremamente incomum e muito provavelmente nunca ocorrerá, porém, por segurança é fundamental saber o que fazer, caso aconteça. 

Para acessar o artigo da Sociedade de Pediatria de São Paulo sobre “O que fazer quando um bebê ou uma criança engasga”, clique aqui

Quais alimentos oferecer?

Criança comendo alimentos (método alimentar)

Independente do método de introdução alimentar escolhido, as recomendações dos pediatras e dos nutricionistas acerca dos alimentos a serem oferecidos tende a ser a mesma. 

É aconselhável que a IA seja iniciada com frutas e, conforme o bebê for as aceitando, introduzir os demais alimentos salgados. 

Além disso, segundo o pediatra Rubens Feferbaum, é importante introduzir alimentos como peixes, ovos e glúten para evitar alergias e criar tolerância.

Rubens ainda orienta quanto a variação e os nutrientes da alimentação, que deve ser rica tanto em micro (zinco, vitaminas e ferro) quanto em macro (gorduras, proteínas e carboidratos). 

E, para que isso seja possível, é necessário combinar representantes dos principais quatro grupos alimentares:

  1. Grãos;
  2. Carnes e ovos;
  3. Frutas e hortaliças;
  4. Tubérculos e cereais.

“A composição de todos esses grupos é que vai permitir que a criança tenha energia, proteínas, sais minerais e as vitaminas necessárias para um crescimento adequado”, garante o pediatra.

Conclusão

Com todas as informações fornecidas acima, podemos concluir que a introdução alimentar é constituída por etapas e deve ser realizada com amor, respeito e dedicação, como certamente há em tudo o que você faz pelo seu filho. 

Dessa forma, caso novas dúvidas ou dificuldades surjam, não hesite em consultar um especialista para receber as orientações necessárias.

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